O termo caricatura, origina-se etimologicamente do verbo italiano, particípio do passado caricare, “retrato escrito que, com intenção cômica ou satírica acentua ou até deforma os traços característicos do modelo”.[1] É descrito pelo dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, “como o desenho que, pelo traço ou escolha dos detalhes, acentua ou revela certos aspectos caricatos de pessoa ou fato; reprodução deformada de algo”,[2] e, ainda, pelo dicionário francês, Le Petit Robert como, “desenho pintura que pelo traço, a escolha dos detalhes, acentua ou revela certos aspectos ridículos e desagradáveis”.[3]
Pode - se constatar a partir das definições acima descritas, que o ato de representar por meio da caricatura, está sempre em paralelo com o propósito do artista em atribuir proporções maiores que as reais. As feições de pessoas ou circunstâncias para mostrar as suas particularidades, pela “criação do grotesco, a sátira,” A união desses elementos informaria menos uma modificação do sujeito e objeto caricaturados e mais suas “formas aproximadas de ser, estar, pensar e agir”. [4]
Contudo, a caricatura, seria pois, “uma representação plástica ou gráfica de uma pessoa tipo, ação ou idéia interpretada voluntariamente de forma distorcida sob seu aspecto ridículo ou grotesco.”[5]
A) A CARICATURA
Segundo Fonseca, a caricatura é uma expressão que põe em evidência as características físicas de uma pessoa, podendo constar ou não um comentário social. Contudo, por ressaltar certas características físicas de uma pessoa caricaturada, tem-se a possibilidade de conhecimento sobre o sujeito e o contexto histórico no qual esteve inserido. Pode estar ou não ligada a discursos que usam linguagens exageradas, críticas ou neutras, porque são representações sobre um tempo e uma memória. É comum o uso do termo caricatura para nomear as distintas formas de humor gráfico.[6]
“A caricatura é, portanto, uma produção do cotidiano sobre determinados indivíduos para aqueles que vivenciam um momento histórico comum e compartilham o imediatismo da memória coletiva”.[7]
Imagem I: O Pasquim n° 41 – Abril 1970. p. 96.
Na imagem I apresentamos as principais características do que se define por caricatura. A pessoa retratada é o canto e compositor “Chico Buarque” e, ao fundo vemos a lua na sua fase minguante; os cabelos da pessoa está penteado de lado, de olhos fechados, e um discreto bigode; está tocando um violão, e este está representado como uma parte do corpo do cantor, o tronco.
Francisco Buarque de Holanda nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 19 de junho de 1944, cantor e compositor de música popular, foi um dos vencedores do II Festival de Música Popular Brasileira no ano de 1966, em São Paulo.
Foi mais uma vítima do regime militar, pois grande parte de suas composições foi censurada, e se exilou na Europa em 1968. O contato com a documentação me levou a perceber que mesmo banido do país, seu nome continuava circulando na imprensa alternativa, pois Chico, fez uma entrevista e uma série de artigos que foram publicados no Pasquim.[8] Apenas através dos traços, conseguimos identificar na caricatura que trata-se de Chico Buarque.
[1] Disponível em; < href="http://www.dicionariohouaiss.com.br/index2.asp">.dicionariohouaiss.com.br/index2.asp >; acesso em : 14/08/2010 20:40.
[2] HOLLANDA, Aurélio Buarque de. Mini – Dicionário da Língua Portuguesa; Nova Fronteira; 3° Ed.; Rio de Janeiro. 1993. p.103.
[3] Disponivel em: < www.ciao.fr/Le_Noveau_Petit_ Robert_Dictionaire_alphabetique_et_analogique_ > Version Életronique Du Nouveau Petit Robert. Dictionnaire Analogique Et Alphabétique de La Langue Française. Paris, 1996.
[4] PETRY, Michele Bete. Caricaturas, Charges e Cartuns: Um Estudo Sobre as Expressões Gráficas de Humor como fontes para a pesquisa em História. Monografia apresentada à disciplina de Orientação do Trabalho Monográfico no Curso de História da Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC, 2008, p. 23.
[5] FONSECA, Joaquim da. “Caricatura: a imagem gráfica do humor”. Porto Alegre: Artes e Oficios, 1999. IN: PETRY; Michele Bete, Caricaturas, Charges e Cartuns: Um Estudo sobre As Expressões Gráficas de Humor como Fontes para a pesquisa em História. Monografia apresentada à disciplina de Orientação do trabalho Monográfico no Curso de História da Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC, 2008, p. 23.
[6] MOTTA, Rodrigo Patto Sá. Jango e Golpe de 64 na caricatura. Rio de Janeiro, Ed. Jorge Zahar, 2006. p. 27 e 28.
[7] Idem, ibidem, 15, p. 27.
[8] n° 6 – Agosto 1969/ n ° 11 – Setembro 1969 / n ° 41 – Abril 1970, p. 95 .